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Concorrência entre bancos aumenta no País

Participação das principais instituições financeiras na concessão de crédito foi reduzida no último ano no Brasil, enquanto competitividade cresceu

Os grandes bancos passaram a ter uma participação menor no total de empréstimos realizados no Brasil, mostra uma análise do Banco Central divulgada em outubro. O “Relatório da Economia Bancária 2018” revela que os segmentos de crédito para pessoas físicas, empresas e agronegócio ficaram mais descentralizados, o que favorece a maior competitividade no setor financeiro. “Essa descentralização tem ocorrido ao longo dos últimos anos”, afirma Rubens Sardenberg, economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

“O setor bancário tem algum nível de concentração no mundo todo, o que é típico das atividades que requerem muito capital para operar [mineração, indústria de bens de capitais e outras]. Mas, se olharmos para o mercado em linhas separadas, como o financiamento de veículos ou o crédito consignado, a concorrência é bem mais elevada”, ele explica.

No crédito para pessoas físicas, a participação das cinco instituições financeiras de maior presença de segmento caiu de 81,6% para 80,44% entre 2017 e 2018. A queda mais acentuada ocorreu entre os bancos públicos (Caixa Econômica e Banco do Brasil), que reduziram de 50,8% para 48,16% a participação nos empréstimos. Itaú tem 12,01%, Bradesco, 10,58%, e Santander, 9,69% desse mercado.

O mesmo fenômeno aconteceu no crédito para empresas, no qual os cinco principais concorrentes (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco e Itaú) tiveram a participação reduzida de 72,71% para 70,85% no período. Na modalidade de crédito rural, historicamente concentrada no Banco do Brasil, a fatia das cinco maiores instituições baixou de 72,71% para 69,24%. O único mercado que não seguiu a tendência é o imobiliário, com alta de 96,67% para 98,4% entre os principais operadores.

“A menor concentração ajuda na redução dos juros”, diz Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e ex-presidente do CADE, órgão que regula a concorrência no País. “Mas a queda nas taxas depende também de fatores como o aumento da segurança jurídica, a diminuição da inadimplência e o acesso a dados financeiros que ajudem a medir o risco dos empréstimos”, ele afirma.

Tendência Global

O relatório do BC mostra que a concorrência entre os bancos tem aumentado na última década no País. A competição no setor não ocorre somente em função do número de bancos — em algumas cidades nas quais a quantidade de instituições financeiras caiu, por exemplo, a competitividade ficou mais acirrada. Por isso, essa análise é feita com indicadores específicos. Um dos principais é o índice de Lerner, que mede a capacidade de um banco influenciar o valor do crédito em determinado mercado. O indicador terminou 2018 em 0,50 ponto na média brasileira, queda de 0,13 ponto em relação a 2017 – o que significa que a disputa aumentou.

“Temos feito muitos estudos sobre esse tema nos últimos anos, usando diversos indicadores similares e amostras de até 80 países. O nível de concorrência entre os bancos, no Brasil, fica sempre na média da pesquisa global”, afirma Gesner. A presença dominante de poucas instituições também é uma característica comum entre países com a economia similar à do Brasil. Na África do Sul, Austrália, Chile e México, a participação dos cinco maiores bancos nos empréstimos é tradicionalmente superior à brasileira, enquanto Rússia e Colômbia apresentam um nível de concentração bastante similar ao do País, segundo os relatórios recentes do BC.

Um dos fatores que têm impulsionado o aumento da concorrência é a ascensão das fintechs. “Além de significar a entrada de novas marcas, as startups financeiras normalmente contribuem por trazerem dados e sistemas de inteligência ao mercado que permitem analisar melhor o risco dos empréstimos”, avalia Sardenberg. Os especialistas projetam que o País mantenha essas tendências nos próximos anos. “A retomada do crescimento econômico deve fazer a oferta de crédito aumentar no Brasil”, diz o economista-chefe da Febraban. “A consequência disso deve ser uma queda ainda maior nos juros para pessoas e empresas”, ele conclui.

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