c

Cum sociis Theme natoque penatibus et magnis dis parturie montes, nascetur ridiculus mus. Curabitur ullamcorper id ultricies nisi.

1-677-124-44227 184 Main Collins Street, West Victoria 8007 Mon - Sat 8.00 - 18.00, Sunday CLOSED
Follow Us

Summit The Big Ideas

“Crédito privado trará produtividade e crescimento”

Empréstimos de bancos privados sobem 13% em 12 meses, enquanto financiamento público cai 2,5%; para Murilo Portugal, mudança é positiva

Os empréstimos dos bancos privados têm substituído o crédito direcionado no Brasil, aquele dado por bancos públicos a setores favorecidos por políticas de juros subsidiados. A primeira modalidade cresceu 13% no País nos 12 meses anteriores a setembro, enquanto a segunda encolheu 2,5%, segundo dados do Banco Central. A mudança deve resultar em maior produtividade e crescimento econômico sustentado, na avaliação de Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que participou do painel O Poder da Economia, no Estadão Summit Brasil – O que é Poder?.   

“Esse fenômeno traz uma mudança grande e positiva de qualidade. Antes, o crédito dava um impulso inicial à economia, e o PIB crescia; mas, como a alocação de recursos era ineficiente, a produtividade não crescia. Não era um impulso duradouro”, afirmou o executivo. “Agora, o crédito está crescendo, e a produtividade vai crescer.” A mudança é uma consequência da nova política fiscal adotada pelo Ministério da Economia. “Estamos desestatizando o mercado de crédito. O Brasil só vai crescer com uma alocação mais eficiente de recurso”, afirmou o ministro Paulo Guedes (Economia), que participou do mesmo debate. A seguir, Murilo Portugal explica as implicações desse novo cenário.

Que impacto a alta do crédito privado terá sobre crescimento econômico?

Quando o crescimento é dado pelo crédito privado, duas coisas acontecem. Primeiro, o crédito dá um impulso inicial para acelerar o crescimento. Segundo, ele provoca um aumento da produtividade, por ser destinado a projetos mais eficientes. No crédito público, primeiro a economia cresce, pois há investimento em empresas como a Sete Brasil, mas depois para, porque se constata que a Sete não era uma empresa eficiente e não fez as plataformas (de petróleo). Outro impacto é sobre o mercado de capitais. Ele está ‘bombando’. Nos últimos 12 meses, os lançamentos (de títulos e ações de empresas no mercado) foram de R$ 371 bilhões. Se compararmos com 2014, ano antes da crise, o crescimento é de 105%. Isso acontece porque a atuação do BNDES inibia o mercado de capitais (ao emprestar dinheiro subsidiado para empresas).

A troca do crédito público pelo privado deve seguir em ritmo acelerado?

Acredito que sim, porque essa é a política do governo. O governo enfrenta uma situação fiscal muito grave e não tem mais condições para bancar o crédito direcionado. A reforma da previdência é importante, mas resolve só metade do problema fiscal. 

Que impacto essa mudança terá sobre setores tradicionalmente ligados ao crédito direcionado, como rural e habitação?

Eles vão ter que se tornar mais eficientes. O setor agrícola no Brasil, na verdade, já tem uma parte supereficiente, com uma produtividade muito alta. 

Nessa mudança, o peso de financiar o crescimento passa ao setor privado. Os bancos estão preparados? 

Os bancos brasileiros são muito bem capitalizados, mais do que muitos grandes bancos estrangeiros. Têm bastante liquidez e provisionamento, são resistentes a crises. Estão preparados para atender à eventual expansão da demanda por crédito, como já vem acontecendo. 

A expansão do setor, aliada à entrada das fintechs, deve alterar a paisagem do segmento bancário? 

Os bancos têm uma postura de respeito, parceria e aprendizado com as fintechs. Todos os grandes bancos têm ambientes de incubação para ajudar as startups, investem em algumas, fazem parcerias com outras. Por outro lado, os bancos sempre estiveram na linha de frente do desenvolvimento tecnológico do Brasil. Eles gastam R$ 20 bilhões por ano em tecnologia da informação. Somos totalmente a favor de aumentar a concorrência do setor bancário, mas alguns problemas não serão resolvidos por isso. Hoje, temos 150 bancos concorrendo no Brasil. Mesmo se tivermos 500 bancos, a alíquota do IOF, por exemplo, não será alterada, e ela é até 3,88% dos juros em um empréstimo para pessoa física. Aqui você demora quatro anos para recuperar garantias de empréstimos não pagos, só recupera 15% do valor e gasta 12% dele no processo. As médias mundiais são  69% de recuperação de garantias, em 1,8 ano e gastando 9% do valor. Não adianta ter um aumento da concorrência se outros problemas não forem resolvidos.

ADD COMMENT